terça-feira, 19 de abril de 2011

A noite parece fabricar com mais vigor as nossas dores. Faze-nos sentir ainda mais forte o grito silencioso que da alma ressoa; é como se nossa alma não suportasse viver em um corpo dilacerado pela dor da ausência.
Doí-nos a falta que sem aviso consome a alegria... É meus amigos, viver é um risco, ainda mais quando não se  tem o hábito construir solitariamente a própria estrada.
Costumo dizer que alma tem cheiro de liberdade e gosto de incerteza. Por esse motivo não se apregoa a grandes momentos de espera. Ela sente a terrível sensação de isolamento.
 Quanto ao corpo, esse pobre sujeitado pelos intemperes da rotina, vive a murmurar a latente dor que a saudade produz enquanto lembra o que lhe satisfaz, do que lhe produz felicidade. Hora dessas, nos perdemos, mas logo nos encontramos, essa é a condição de ser humano! A condição de gritar silenciosamente, mesmo quando se tem guardado nos lábios um estridente som que agoniza em detrimento à falta de coragem de tornar pública a dor, porque a dor que vem de nosso interior é muito íntima para ser jogada nos outdoors das ruas.
Mas, não se deve esperar muitos gritos no escuro silencioso, isso torna absurdamente insuportável as dores. É que é tão confuso para alma entender as necessidades do corpo; por que quando o desejo é da alma tudo é generosamente banhada pela alegria, ainda que essa alegria seja chuva fina é passageira, ainda que não pareça querer nada mais que aliviar o calor do corpo; ela inunda, é uma inexplicável sensação de bem-querer mais e sempre!
 A alma é uma incompetente no ato de esquecer, uma inveterada incompetente, grava cheiros, cores sabores e sensações. Fica latejando no corpo com o chicote da única verdade que realmente temos, o nosso desejo.    


 Joselma 

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